A Diamante Energia e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) assinaram recentemente um contrato para viabilizar o desenvolvimento de microrreatores nucleares (MRNs) no Brasil. O projeto, coordenado por Adolfo Braid, busca criar a base tecnológica e industrial necessária para uma futura cadeia de suprimentos nacional no setor.
Segundo Braid, a iniciativa representa um marco para a soberania tecnológica brasileira: “Este projeto é o ponto de partida para que o Brasil construa sua própria independência no setor de microrreatores, garantindo competitividade e relevância no cenário nuclear global do futuro.”
Os MRNs são reatores de pequeno porte, versáteis e seguros, com aplicações que vão desde a estabilização de microrredes e abastecimento de localidades remotas, até o fornecimento contínuo de energia para data centers e o suporte a setores industriais.
Próximos passos
Após a assinatura do contrato com a Finep, serão firmados acordos com Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICTs), que conduzirão parte essencial do trabalho. Também está prevista a implantação das Unidades de Desenvolvimento Tecnológico (UDTs), fundamentais para elevar a tecnologia ao nível de maturidade necessário (TRL-6).
Entre os focos da pesquisa estão:
- Combustíveis nucleares, visando autossuficiência e qualidade do material;
- Óxido de berílio de alta pureza nuclear, insumo estratégico para o projeto;
- Tubos de calor de alta temperatura (heat pipes), fundamentais para a operação dos microrreatores.
Diferenciais do projeto brasileiro
O projeto nacional se destaca por propor soluções específicas, utilizando urânio de baixo enriquecimento (LEU), pastilhas de UO₂ encapsuladas em varetas metálicas e grafite como moderador e refletor. Essas escolhas tornam o modelo conceitualmente distinto, otimizado para as condições e demandas brasileiras.
Impactos e perspectivas
Os MRNs podem transformar o setor energético do país. Entre as aplicações promissoras estão o uso em plataformas offshore, mobilidade elétrica em grande escala, indústrias intensivas em energia e abastecimento de regiões isoladas. Além disso, o projeto pode gerar impactos socioeconômicos relevantes:
- Geração de empregos qualificados;
- Melhoria da qualidade de vida em comunidades remotas;
- Estímulo à inovação e à criação de polos de pesquisa e desenvolvimento.
O cronograma prevê que um protótipo entre em operação em até três anos, e que a primeira unidade comercial esteja pronta em até oito anos.
Com essa iniciativa, o Brasil dá um passo decisivo rumo à soberania energética e tecnológica, inserindo-se de forma competitiva na corrida global pela inovação nuclear.
Fonte: petronoticias